Saiba quem é Luisa Baptista, triatleta medalhista de ouro no Pan que ficou 2 meses em coma após ser atropelada em treino

'Segunda Largada': o que fez Luisa buscar a carreira no triatlo e conquistar o Pan Nesta quarta-feira (15), às 10h, a triatleta olímpica Luisa Baptista enfren...

Saiba quem é Luisa Baptista, triatleta  medalhista de ouro no Pan que ficou 2 meses em coma após ser atropelada em treino
Saiba quem é Luisa Baptista, triatleta medalhista de ouro no Pan que ficou 2 meses em coma após ser atropelada em treino (Foto: Reprodução)

'Segunda Largada': o que fez Luisa buscar a carreira no triatlo e conquistar o Pan Nesta quarta-feira (15), às 10h, a triatleta olímpica Luisa Baptista enfrentará uma das provas mais duras de sua vida — não na pista, mas em um tribunal em São Carlos (SP). O júri popular que decidirá o destino de Nayn José Sales, acusado de atropelá-la em dezembro de 2023, representa o ápice de uma jornada marcada por dor, resiliência e superação. 📱 Siga o g1 São Carlos e Araraquara no Instagram A atleta, campeã pan-americana e uma das principais representantes do triatlo brasileiro, sobreviveu a um acidente que quase tirou sua vida. Quase um ano depois, às vésperas do julgamento, ela se prepara para outro tipo de confronto — agora em busca de justiça. Neste mês de outubro, a EPTV, afiliada à TV Globo, lançou a série especial "Segunda Largada" e conta em detalhes a história, desde o dia do acidente, passando pela recuperação e chegando ao julgamento do acusado (assista aqui). O g1 preparou um guia sobre a triatleta com sua trajetória de sucesso, o sonho interrompido pelo acidente, a recuperação surpreendente e a espera pela condenação de Nayn. Conheça a trajetória da triatleta Luisa Baptista antes e após o acidente que quase tirou sua vida Gaspar Nóbrega/ COB - Arquivo pessoal/ Luisa Baptista Conheça a trajetória de Luisa Baptista Das piscinas do interior ao alto rendimento O auge: ouro em Lima e o sonho olímpico 23 de dezembro de 2023: o dia que mudou tudo A segunda largada Do hospital ao Comitê Olímpico O julgamento: um marco sobre crimes de trânsito Um legado de esperança 1 - Das piscinas do interior ao alto rendimento 'Segunda Largada' conta a história de superação da triatleta Luisa Baptista Reprodução/ EPTV Nascida em Araras (SP), dia 15 de julho de 1994, Luisa sempre foi movida pela paixão pelos esportes. O ponto de virada em sua trajetória ocorreu em 2011, quando se mudou para São Carlos para treinar com a equipe do SESI-SP, sob orientação do técnico Cali Amaral. Veja mais sobre o assunto: JÚRI POPULAR: entenda como será o julgamento do motociclista sem CNH que atropelou a triatleta CRONOLOGIA: relembre atropelamento de triatleta, coma de 2 meses e caminho até júri popular de motociclista INVESTIGAÇÃO: cena de atropelamento de triatleta foi alterada após moto ser colocada em outro local; entenda A mudança de cidade marcou o início de sua trajetória no alto rendimento. Ali, ela passou a integrar um dos centros mais estruturados de triatlo do país, o mesmo que revelou atletas como Manoel Messias e Reinaldo Colucci. Luisa costuma dizer que, sem o apoio do SESI e do Bolsa Atleta, dificilmente teria conseguido seguir na modalidade — uma realidade que expõe a dificuldade de sustentar uma carreira esportiva no Brasil. Determinada, ela manteve uma rotina de treinos diários em três modalidades — natação, ciclismo e corrida —, com jornadas de até três períodos por dia. A disciplina e a resiliência moldaram a mentalidade que mais tarde a ajudaria a enfrentar o maior desafio da vida. 2 - O auge: ouro em Lima e o sonho olímpico Luisa Baptista é a única mulher brasileira a ganhar medalha de ouro no Pan Americano Arquivo pessoal O momento mais marcante da carreira de Luisa veio em 27 de julho de 2019, nos Jogos Pan-Americanos de Lima (Peru). Na ocasião, ela conquistou a medalha de ouro no triatlo individual, liderando uma dobradinha histórica com Vittoria Lopes, que ficou com a prata. Foi a primeira medalha de ouro do Brasil na modalidade. “É uma emoção muito grande. Espero inspirar muita gente, assim como fui inspirada”, disse à época. A conquista consolidou seu nome entre as principais triatletas das Américas e abriu caminho para sua classificação aos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, onde representou o Brasil. Até 2022, continuava somando títulos — entre eles o ouro na Copa América de Viña del Mar, no Chile — e era considerada uma das principais esperanças brasileiras para os Jogos de Paris. 3 - 23 de dezembro de 2023: o dia que mudou tudo Bicicleta da triatleta Luisa Baptista ficou totalmente destruída Reprodução/EPTV O sábado, 23 de dezembro de 2023, seria mais um dia de treino. Luisa pedalava na Estrada Municipal Abel Terrugi, em Santa Eudóxia, distrito de São Carlos, quando foi atingida de frente por uma motocicleta conduzida por Nayn José Sales. A perícia apontou que o motociclista pilotava sem habilitação (CNH), em alta velocidade e havia consumido álcool após sair de uma festa. Luisa foi levada em estado gravíssimo à Santa Casa de São Carlos com politraumatismo. Teve o pulmão perfurado, 30 fraturas pelo corpo e uma parada cardíaca de oito minutos. Sobreviveu contra todas as probabilidades e foi transferida para o Hospital São Luiz Itaim, em São Paulo, onde ficou dois meses em coma e 100 dias internada. “Os médicos chegaram a preparar a família para o pior”, relembrou o irmão, Vitor Baptista, em entrevista à EPTV. O uso de um pulmão artificial (ECMO) foi decisivo para mantê-la viva. 4 - A segunda largada Luisa Baptista: médicos cogitaram amputar perna de triatleta; veja o que evitou Reprodução/EPTV A recuperação de Luisa foi descrita por médicos e familiares como uma sequência de milagres. Cada avanço — o primeiro banho de sol, o primeiro café, os primeiros passos — foi celebrado como uma medalha. Esses momentos foram retratados na série especial da EPTV “Segunda Largada”, que mostrou o renascimento da atleta. Em um dos episódios mais emocionantes, ela reaparece caminhando lentamente, ao som de “We Are the Champions”, da banda Queen. Mesmo em coma, Luisa conta ter escutado e compreendido mensagens da família. “Eu ouvia tudo. Isso me ajudou a não me desesperar quando acordei”, relatou em entrevistas. Durante a recuperação, enfrentou também a batalha emocional. “Eu estava com muita raiva. Até que meu pai me disse: ‘Filha, não se pergunte por quê, mas para quê isso aconteceu com você’. Essa frase mudou tudo”, contou. Foi o ponto de virada que transformou o trauma em propósito. 5 - Do hospital ao Comitê Olímpico Luisa Baptista durante entrevista para a série especial "Segunda Largada", da EPTV Reprodução/EPTV Dez meses após o acidente, já em 2024, Luisa voltou a nadar e pedalar. Hoje, vivendo em Ribeirão Preto (SP), mantém uma rotina intensa de fisioterapia e treinos de até 8 horas diárias. Em outubro de 2024, foi eleita para a Comissão de Atletas do Comitê Olímpico Brasileiro (CACOB), iniciando uma nova fase da carreira — agora fora das pistas. Sua principal pauta tem relação direta com o que viveu: a criação de um seguro obrigatório para atletas em todas as confederações esportivas. “Eu percebi o quanto estamos vulneráveis. Um acidente pode tirar tudo da noite para o dia. Precisamos de segurança e dignidade”, afirmou. 6 - O julgamento: um marco sobre crimes de trânsito A trialeta Luisa Baptista e o motociclista Nayn José Sales no dia de audiência em Fórum de São Carlos Reprodução/EPTV O Ministério Público acusa Nayn José Sales de tentativa de homicídio com dolo eventual — quando o acusado não deseja matar, mas assume o risco de causar a morte. A acusação se apoia em quatro fatores: a falta de habilitação, o excesso de velocidade, o consumo de álcool e a fuga sem socorro. A defesa tentou desqualificar o caso para lesão corporal culposa, o que excluiria o júri popular e reduziria a pena, mas o pedido foi negado pela 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo. A decisão é vista por especialistas como um marco na discussão sobre impunidade em crimes de trânsito no Brasil. O julgamento desste caso pode abrir precedente para casos em que a imprudência deliberada e a indiferença ao risco sejam tratadas com maior rigor. 7 - Um legado de esperança Mais de um ano após o acidente, Luisa segue reescrevendo sua história. Seu retorno parcial às pistas e o trabalho em prol de outros atletas simbolizam uma “segunda largada” — não mais por medalhas, mas por sentido e propósito. “Hoje eu sei que o maior pódio é a vida”, disse Luisa diversas vezes em suas entrevistas. Independentemente do veredito, o julgamento de Nayn José Sales encerra um ciclo doloroso e abre outro — o de reconstrução. Luisa Baptista, que um dia levou o Brasil ao topo do pódio, agora inspira novamente, não pelo tempo de prova, mas pela força de permanecer de pé. Sua trajetória, marcada por disciplina, fé e coragem, mostra que a linha de chegada, para alguns, é apenas o começo. Veja como será o julgamento de Nayn José Sales, motociclista que atropelou Luisa Baptista REVEJA VÍDEOS DA EPTV: Veja mais notícias da região no g1 São Carlos e Araraquara